Naturalmente no ecossistema, o controle biológico ocorre sem a necessidade da intervenção humana. Porém, o homem pode agir como um facilitador nesse processo, manipulando o ambiente para aumentar a eficiência no campo.
Os produtos biológicos são desenvolvidos seguindo etapas de pesquisa e desenvolvimento. Muita tecnologia é empregada no processo. Além disso, o rigor científico em todos os testes de eficiência e qualidade dos produtos é um dos pilares no desenvolvimento.
O aumento na procura por novos agentes, aliado com novas tecnologias de formulação e aplicação demonstram que o controle biológico só tende a crescer nos próximos anos. Formulações cada vez mais elaboradas, visam a fácil aplicação, maior vida de prateleira e principalmente, a maior eficiência no controle de doenças e pragas no campo.
Para se ter uma ideia, em 2020, apesar de todas as dificuldades econômicas que a pandemia com a COVID-19 acarretou por todo o mundo, o mercado de controle biológico continuou em plena ascensão.

Adoção de produtos biológicos
No campo, o produto biológico pode incrementar artificialmente a população de uma ou mais espécies de inimigos naturais das pragas. Ou utilizar produtos à base de agentes biológicos, como a bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), para o controle de pragas em diversas culturas.
Na cultura do amendoim, por exemplo, bioinseticidas desenvolvidos com a bactéria Bt controlam insetos pertencentes ao gênero Spodoptera. Essas pragas são altamente limitantes para a contínua expansão da área cultivada, bem como para o aumento da produção de amendoim, uma vez que causam danos e prejuízos econômicos aos produtores.
Os fruticultores também estão cada vez mais apostando nessas novas ferramentas e adotando esses produtos no combate às pragas e doenças que atacam as fruteiras.
A mosca das frutas (o conhecido bicho-da-goiaba) é um inseto que consegue atacar diferentes espécies de frutas que causam sérios prejuízos. Porém, uma vespa (Doryctobracon areolatus), nativa do Brasil, é capaz de localizar as larvas das moscas no interior dos frutos e coloca nelas seus próprios ovos, eliminando a praga antes que se torne uma mosca adulta.
Na cultura da banana, uma broca, conhecida como moleque da bananeira ou broca do rizoma, tem poucos defensivos químicos registrados. No entanto, produtos biológicos à base do fungo Beaveria bassiana são eficientes no controle do inseto, sem afetar os inimigos naturais.
Fora do campo, os vegetais ainda são atacados por doenças e pragas pós colheita. Aquele bolor verde ou azul que aparece em frutos cítricos, por exemplo, pode ser controlado com produtos biológicos à base de bactérias como Bacillus subtilis ou leveduras como a Candida oleophila. Esses tratamentos ainda aumentam o tempo de prateleira dos frutos.
A tecnologia de ponta é bastante empregada no setor. Drones já são utilizados na liberação de biodefensivos desenvolvidos a partir de um ácaro predador (Neoseiulus californicus) para o controle de uma praga da macieira, o ácaro-vermelho-da-macieira (Panonychus ulmi).
Esses são alguns dos vários exemplos de como os produtos biológicos estão presentes na agricultura. Para o futuro, a tendência é seu emprego ser cada vez maior.

O conhecimento e a prática no uso dos produtos biológicos
De maneira geral os produtos biológicos são utilizados de modo semelhante aos defensivos químicos, podendo ser aplicados por meio de:
- Pulverizadores (pulverização terrestre ou aérea);
- Via irrigação;
- Tratamento de sulco de plantio;
- Tratamento de sementes;
- Liberação (via drones ou manual).
Alguns cuidados devem ser considerados quando for realizada a aplicação dos produtos biológicos, como:
- Verificar as condições ambientais ideais para a aplicação/liberação (vento, temperatura, umidade etc.), sendo essas informações, geralmente oferecidas pelo fabricante;
- Verificar a compatibilidade dos produtos biológicos com os defensivos químicos (principalmente quando utilizados em mistura na calda);
- Avaliar o momento correto de aplicação.
O sucesso do produto biológico está fortemente atrelado ao conhecimento da ferramenta que se pretende utilizar na lavoura.
Um exemplo ocorre no controle de lagartas, insetos da ordem Lepidóptera que possuem diferentes fases de desenvolvimento, desde ovo, larvas, pupas e adultos. Conhecer esse ciclo é importante, pois o sucesso no controle está correlacionado à ferramenta utilizada em cada estádio do ciclo de vida do inseto.
Por exemplo, durante o monitoramento que o agricultor faz da lavoura, quando se observa uma maior captura de machos em armadilhas de feromônio ou maior presença de ovos nas folhas, o mais indicado é utilizar parasitoides de ovos, como o Trichogramma galloi.
No entanto, quando as primeiras fases das lagartas são mais frequentes, a bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), é uma ferramenta muito eficiente, sendo seu potencial de mortalidade maior nas primeiras fases. Conhecer essa dinâmica no campo é de grande importância para o sucesso dos biodefensivos.
Principais fontes
Fontes E. M. G. e Valadares-Inglis M. C., Controle biológico de pragas da agricultura. Embrapa, 2020.
Biological Controle Market 2020-2026. Disponível em: https://www.researchandmarkets.com/reports/5129858/biological-control-market-2020-2026#rela0-4771928. Acesso em: 12 set. 2020.
Publicado por: CropLife Brasil